Gestores públicos possuem recursos limitados para se dedicarem à apuração e ao desenvolvimento de análises de dados para subsidiar a tomada de decisão de suas chefias. Por isso, é importante a existência de instituições que executem essas análises e disponibilizem o tipo de informação necessária. O DataViva é uma plataforma que trata dados públicos e elabora visualizações que permitem a gestores públicos ou privados se basearem em dados para elaboração de seus relatórios, produzindo decisões mais assertivas e eficientes.
Na última sexta-feira (25/11), integrantes do grupo de pesquisadores da plataforma DataViva apresentaram um trabalho, elaborado a partir dos dados disponíveis na plataforma, no II Seminário Internacional Governança e Desenvolvimento do Tribunal de Contas da União, em Brasília.
A proposta do trabalho apresentado foi realizar uma classificação das mesorregiões do estado de Minas Gerais e dos estados brasileiros, a partir da aplicação da metodologia do Product Space. O objetivo é de indicar possibilidades alternativas para execução de políticas públicas de desenvolvimento econômico integrado pelos governos estaduais e federal.
A METODOLOGIA
Com a evolução das tecnologias computacionais e o acesso cada vez mais abundante a dados, surgiu no final da década de 2000 um grupo de pesquisadores das universidades americanas Harvard University e Massachusetts Institute of Technology – MIT, liderados pelos professores Ricardo Hausmann e César Hidalgo. O grupo propôs uma abordagem alternativa ao entendimento das relações entre comércio internacional e desenvolvimento econômico, denominada Product Space (Espaço de Produtos).
O que o modelo do Product Space propõe é que a possibilidade de ser competitivo na produção e exportação de determinado produto depende, além da dotação de recursos mensuráveis – como infraestrutura, terra, capital humano e tecnologia considerados na teoria econômica tradicional – de uma gama de recursos intangíveis, chamados capabilities (capacidades). É a disponibilidade destas capabilities e sua sofisticação que vão determinar as perspectivas de desenvolvimento econômico de cada país. E o caminho mais factível para o desenvolvimento econômico de um determinado país é introduzir na pauta de exportação produtos que sejam mais sofisticados, porém que utilizem as mesmas capabilities daqueles produtos que já são produzidos. O argumento que deu origem ao Product Space é o de que a cesta de produtos exportados é importante em si, pois cada produto carrega um mix de capabilities que determina oportunidades diferentes de desenvolvimento econômico futuro.
Na base deste conceito está o argumento de que quanto mais um país conseguir exportar produtos com níveis de produtividade altos (produtos mais sofisticados), maior será o seu potencial de desenvolvimento econômico futuro, uma vez que isto reflete um estoque de capabilities capaz de se reorganizar na produção de outros produtos também sofisticados. Ou seja, a prosperidade de um país, assim como seu potencial de crescimento futuro, está diretamente relacionada não apenas a quanto este país exporta, mas também a o que ele exporta. Dado o mesmo valor de exportações, exportar bens mais sofisticados (que refletem um estoque de mais capabilities, com maiores possibilidades de recombinações) resulta em mais desenvolvimento do que exportar bens menos sofisticados (menos capabilities, com menores possibilidades de recombinação).
CONCEITOS UTILIZADOS
Sofisticação das Exportações é calculada com base na complexidade dos produtos exportados pela região com vantagem comparativa. Reflete o nível atual de complexidade econômica da região.
Densidade é calculada com base na diversidade de produtos exportados com vantagem comparativa. Reflete o conjunto de oportunidades da região para desenvolver vantagem comparativa em novos produtos. Facilidade para saltar para novos produtos.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO
O objetivo deste exercício é criar uma tipologia que permita classificar regiões dado o seu nível de sofisticação e o nível de diversificação de suas exportações. Essa tipologia poderá municiar os gestores públicos com características econômicas de cada região permitindo escolhas de melhores políticas públicas que foquem desenvolvimento. A figura abaixo apresenta a Matriz Estratégica que permite classificar cada uma das regiões.
Cada quadrante indica as características de cada região e indica políticas públicas específicas necessárias a cada um dos agrupamentos:
Quadrante 1 – Não está quebrado: possui muitos produtos complexos sendo exportados e também uma diversidade elevada de atividades que podem compartilhar conhecimento produtivo e permitir o surgimento de novos produtos. As políticas públicas podem focar no fortalecimento do ecossistema de inovação, na ampliação da participação desses produtos no mercado internacional, bem como promover parcerias com outras regiões para ampliar a cadeia de valor.
Quadrante 2 – Políticas de diversificação: possui poucos produtos complexos exportados e uma baixa diversidades. As políticas públicas podem focar na diversificação da pauta de exportações e nos mercados de destino.
Quadrante 3 – Política industrial parcimoniosa: são regiões diversificadas, mas que em geral não exportam produtos complexos, são regiões emergentes com alto potencial. As políticas públicas podem focar em investimentos em capital humano e infraestrutura. E aumentar o valor agregado da cadeia produtiva.
Quadrante 4 – Aposta estratégicas: regiões com baixa sofisticação e diversidade, possuem problemas estruturais significativos. As políticas públicas podem focar em garantir a sua integração as demais regiões através do investimento em infraestrutura básica e conectividade com outras regiões.
RESULTADOS
EXERCÍCIO 1 – MINAS GERAIS
O gráfico elaborado para as mesorregiões de Minas Gerais:
EXERCÍCIO 2 - BRASIL
O gráfico elaborado para os estados brasileiros: