O BRICS, cúpula formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ganhou destaque devido ao aumento da sua participação na economia mundial na década passada, sendo apontado como principal motriz do recente crescimento econômico mundial. A reunião do BRICS acontece anualmente e discute diversos assuntos, tendo duas principais diretrizes: a coordenação em reuniões de organismos internacionais, nas esferas econômico-financeira e política; e a construção de uma agenda de cooperação multissetorial entre os seus membros, que já engloba mais de 30 temáticas discutidas intra-BRICS.
Entre as vertentes mais promissoras, destaca-se a econômico-financeira, em que já foram assinados dois importantes instrumentos. O primeiro diz respeito à criação do Novo Banco de Desenvolvimento, que teria como objetivo financiar projetos em infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países emergentes; e o Arranjo de Contingência de Reservas, a ser utilizado para apoio aos membros dos BRICS em momento de flutuação no balanço de pagamentos dos mesmos.
A última reunião dos BRICS aconteceu nos dias 15 e 16 de outubro de 2016 em Goa, Índia. O evento teve cinco principais objetivos: fortalecer a construção da instituição BRICS, aprofundando as relações entre os países membros; implementar as decisões das edições anteriores; integrar os mecanismos de cooperação já existentes; criar novos mecanismos de cooperação; e dar continuidade aos mecanismos de cooperação já existentes e que estão em operação.
Atualmente, os países do BRICS representam, em conjunto, 30% do PIB mundial e detém 17% da parcela do comércio internacional. Aparentemente, a formação da cúpula tem dado frutos para o Brasil, pelo menos no que se refere ao comércio internacional. Em 2015, o Brasil exportou cerca de USD$ 43 bilhões de dólares para os demais países do grupo, quase 23% do total das nossas exportações. Ao mesmo tempo, importou USD$ 37,85 bi, o equivalente a 22,2% do total das importações de 2015, auferindo saldo positivo nas relações comerciais com Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em comparação com 2009, ano em que ocorreu a primeira cúpula dos BRICS, o comércio entre Brasil e demais países era mais modesto, totalizando USD$ 28,5 bilhões em exportações (18,9% do total), e USD$ 19,4 bilhões em importações (15,1% do total).
Embora essa evolução no comércio internacional entre Brasil e demais membros do BRICS não possa ser totalmente atribuída a formação da cúpula, com certeza parte é resultado dos acordos de cooperação formulados entre os países. Espera-se, com a maturação da cúpula, maior interação entre os membros, novas oportunidades de negócios e de cooperação e maior influência nos organismos internacionais, como nas decisões do Fundo Monetário Internacional, da Organização das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança, ampliando o peso de países em desenvolvimento da governança internacional.
*Marcelo Borges é formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestre em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco.