Um dos maiores problemas da inflação é a diminuição do poder de compra do trabalhador. Se os trabalhadores não tiverem reajuste salarial de no mínimo equivalente à inflação, a consequência é a redução real do seu salário, quer dizer, os preços médios dos produtos da economia subiram mais que o seu salário, logo, sobra menos dinheiro no bolso para as despesas do dia-dia.
Diante de situações como essa, é comum entidades de classe fazerem greves para negociar melhores salários ou reajustes condizentes à conjuntura econômica. No Brasil, os bancários frequentemente entram em greve com esse objetivo, como acontece no atual momento. No dia 6 de setembro, os bancários iniciaram um movimento grevista para negociar uma reposição salarial de 5% acima da inflação, dentre outras reivindicações como piso salarial, auxílio alimentação e refeição e melhores condições de trabalho.
Segundo informações da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), 12.727 agências e 52 centros administrativos tiveram as atividades paralisadas em todo o Brasil até a última sexta-feira (16).
Conforme pode ser observado no gráfico abaixo, no ano de 2014, 45% dos profissionais que atuavam em Bancos Comerciais no Brasil eram Escriturários, um total de quase 200 mil trabalhadores, representando uma massa salarial de mais de um bilhão de reais.
O salário médio mensal dos escriturários em 2002 era de R$ 2,27 mil e subiu para R$ 5,27 mil em 2014, um crescimento médio anual de 7,6% ao ano. Para o mesmo período, a inflação medida pelo IPCA geral teve um crescimento de 5,9% ao ano, sendo assim podemos dizer que essa categoria obteve ganhos reais ao longo dos anos. No entanto, segundo dados do Banco Central, o lucro líquido apurado para os quatro maiores bancos brasileiros (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú/Unibanco e Bradesco), saiu de R$ 7,4 bilhões em 2002, para R$52,4 bilhões em 2014, um crescimento médio anual de 17,7%.