A ciência econômica possui uma ramificação que se preocupa em compreender o crescimento econômico de longo prazo: descobrir os fatores que impulsionam o aumento sustentado do PIB. Economistas tentam explicar diferentes trajetórias de crescimento econômico ao longo dos anos para diferentes países. Ao mesmo tempo, propõem políticas que possam desencadear um crescimento forte e sustentado. Alguns países conseguem atingir esse objetivo, enquanto outros não.
Essas questões não possuem soluções triviais. Há um amplo e acalorado debate em torno delas. Infelizmente essa discussão perdeu espaço na economia brasileira. Conforme o país entrou em crise econômica, problemas de curto prazo se tornaram o centro da vez. Um exemplo pode elucidar a importância de planejamento de longo prazo (gráfico abaixo): entre os anos de 1960 e 1990, o Brasil era uma economia com maior PIB per capita real do que a Coreia do Sul (doravante Coreia). A partir do início da década de 90, somos ultrapassados pelos coreanos, cujo PIB cresce continuamente, enquanto a economia brasileira permanece relativamente estagnada.
Esse crescimento fez com que a Coreia e outros três países (Hong Kong, Taiwan e Cingapura) ganhassem a alcunha de tigres asiáticos, por causa do rápido crescimento econômico. A Coreia se tornou um país desenvolvido e com elevado padrão de vida. Isso não era uma realidade na década de 1950. Foi o crescimento econômico acelerado que permitiu que isso ocorresse. Por outro lado, países como o Brasil não conseguiram apresentar esse dinamismo.
Em meio à crise que a economia brasileira atravessa, o debate sobre o crescimento de longo prazo perdeu espaço. Discute-se muito mais soluções para resolver o problema fiscal. É verdade que temos de enfrentar a questão fiscal. Da mesma forma, também devemos combater a corrupção – outro tópico em pauta. Todavia, é igualmente válida a afirmação de que ainda que consigamos ajustar as contas públicas e combater de forma significativa a corrupção, o crescimento econômico de longo prazo não estará garantido. Há uma crença difundida de que, à solução desses dois problemas, a prosperidade voltaria naturalmente. Isso não é verdade. Devemos voltar a colocar em pauta o crescimento econômico de longo prazo, e utilizar a experiência de outros países, como a da Coreia, para refletirmos.