O fim de ano é um momento interessante para o varejo. No dia 12 de outubro, temos o dia das crianças, e em dezembro, o Natal. As datas geram perspectiva de vendas promissoras para quem atua no ramo comercial. O livro é um produto que, como vários outros, é bastante procurado em ocasiões comemorativas, mas que tem uma saída ainda melhor no início do ano, dado o período escolar. A diferença é que as vendas ocorridas no dia das crianças e no natal são de livros de interesse próprio, enquanto no início do ano, pelo menos em sua maioria, são leituras obrigatórias (livros didáticos e de literatura adotados pelas escolas).
De acordo com dados da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, relativa ao ano de 2014, foram produzidos 31.025 títulos no Brasil e mais de 320 milhões de exemplares. Os livros didáticos, portanto de leitura obrigatória, representaram 28,4% dos títulos e 65,5% dos exemplares.
Diante destes números, é importante ressaltar o peso dos programas governamentais de compras de livros, como o Programa Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE) que adquiriu milhões de livros infanto-juvenis e os distribuiu a escolas públicas de ensino fundamental e de ensino médio em todo território brasileiro.
No mesmo sentido, existe o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) que adquire e distribui livros didáticos para todos os alunos de determinada etapa de ensino para as diversas áreas do conhecimento: português, matemática, geografia, história, ciências e artes; e ainda inglês, espanhol, biologia, química e física para os alunos do Ensino Médio. Obviamente muitos desses livros são reutilizáveis e não há necessidade de compra de todos os livros todos os anos, mas não deixa de ser um mercado atrativo.
Em um rápido exercício, podemos ter uma ideia de como acontece a dinâmica de oferta e demanda desse mercado. Dadas as informações acima, podemos pensar que grande parte da demanda de livros no Brasil hoje é governamental, ou seja, são os alunos do ensino fundamental e médio das escolas públicas brasileiras. Em 2015, haviam mais de 36 milhões de matrículas no ensino básico brasileiro (sem contar o ensino profissionalizante), sendo que 85% são da rede pública de ensino.
Analisando a distribuição de matrículas por região brasileira fica claro que a maioria dos alunos se encontram na região sudeste do país, seguida pela região nordeste e região sul. (Ao navegar pela figura, é possível visualizar as matrículas por estado e município e explorar outras informações correlatas).
*Marcelo Borges é formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestre em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco.